sábado, 26 de março de 2016

DR LACY XAVIER: UMA HISTÓRIA DE VIDA

 

Bela e preservada casa do sítio Ponta da Serra, tendo ao fundo uma parte da Serra de Martins. Mantida em grande parte original é um dos locais mais interessantes que se mantém preservado no trajeto do ataque do bando de Lampião ao Rio Grande do Norte – Foto – Rivanildo Alexandrino.

A FAZENDA
Localizada hoje no município de Serrinha dos Pintos, a casa era uma das mais pomposas e mostrava a riqueza da época.
Sua construção data do início do século XX chama a atenção pela imponência em meio a casas tão singelas e, segundo informações apuradas, o local está mantido em grande parte original. Outro fator extremamente positivo em relação a esta local se refere à própria beleza paisagística do ponto onde a mesma foi edificada. Defronte a antiga casa existe o açude Ponta da Serra e uma elevação denominada Serra do Macapá, com quase 500 metros de altitude.

Dr. Francisco Xavier de Lucena, conhecido na cidade serrana de Martins como Dr. Lacy,, quando entrevistado em 2010 – Foto Junior Marcelino.
Segundo o médico aposentado Francisco Xavier de Lucena, conhecido na cidade serrana de Martins como “Dr. Lacy”, esta residência era em sua opinião “-A mais original do todas as que existem no pé da Serra de Martins”.
Em 2010, apesar de um relativo problema de surdez, encontrei na cidade de Martins o Dr. Lacy muito ativo e lúcido e o nosso encontro se deu através do apoio do amigo Junior Marcelino.

A PASSAGEM DE LAMPIAO
O Dr. Lacy nasceu no dia 15 de julho de 1917, tinha quase dez anos de idade na época da passagem do bando de cangaceiros de Lampião pela região e comentou que na ocasião o seu pai, João Xavier da Cunha, era cunhado e trabalhava para o então proprietário do sítio Ponta da Serra, João Frutuoso da Silva.
Este se encontrava com a sua família na propriedade, quando recebeu o aviso da chegada de Lampião através de uma senhora chamada Idalina, o já famoso “Corre que Lampião vem aí!”. Esta senhora vivia em um sítio próximo denominado Tabuleiro de Areia.
Logo a esposa de João Frutuoso, dona Alexandrina, buscou guardar objetos de importância para serem transportadas em dois tradicionais caçuas. Estes são uma espécie de saco de grandes dimensões, feito de couro de boi, montados em uma cangalha no lombo de um jumento. Este animal foi conduzido por um trabalhador da fazenda, enquanto a família seguiria para a cidade de Martins em um veículo Ford de três marchas.
Dr. Lacy relata que na cidade de Martins havia certo número de soldados e pessoas do lugar armadas, sendo levados para piquetes organizados nas ladeiras da região, para assim resistir contra alguma investida do bando. Na opinião do Dr. Lacy, mesmo com muitos moradores buscando refúgio no mato e o clima de medo reinante, a situação não desbancou para uma fuga desesperada naquela urbe, houve certa ordem em Martins.
Seu pai João Xavier, assim que soube da aproximação do bando, mandou um irmão chamado Manuel Galdino seguir da cidade e ajudar João Frutuoso na propriedade. O motorista devia descer pela ladeira que seguia pelos sítios Comissário e Vertentes. Este caminho rústico, feito em 1915 por uma firma inglesa que construía o açude do Corredor, não era nada fácil de ser trafegado naqueles rústicos veículos, pois possuía muitas curvas nos contrafortes da Serra de Martins. Mesmo assim o motorista partiu.
Ao chegar ao sítio Ponta da Serra, Galdino encontrou seus tios e seu primo João Batista da Silva, tratando de sair do local. Em meio a toda confusão associada ao medo, ele rapidamente deu meia volta no veículo e partiu. Acabou deixando de transportar as três empregadas da casa, que ficaram desesperadas e desorientadas. Coisa mesmo de verdadeira comedia pastelão em meio ao caos.

Catinga da Mistura de Perfume Barato, Suor e Cachaça
Segundo Dr. Lacy, foi por muito pouco que os membros da família não foram capturados, pois logo após a saída dos veículos o bando a galope chegou. Ríspida e rapidamente os bandoleiros invadiram todas as dependências da casa, onde arrombaram gavetas, malas e quebraram utensílios.


Defronte a casa grande do Sítio Ponta da Serra, esta é a visão que temos. O Açude Ponta da Serra e a Serra do Macapá – Foto – Rostand Medeiros

Defronte a casa existia um comércio que era tocado pelo filho de Frutuoso, logo este lugar foi arrombado, sendo consumidas as bebidas do estoque e várias mercadorias foram roubadas ou depredadas.
Na casa os cangaceiros, aquecidos pelo álcool, fizeram as três empregadas passarem por apertos. Devido o rápido retorno do veículo de Galdino e da chegada dos celerados na sequência, elas não tiveram tempo de fugir para os matos. Mas o pior foi evitado devido ao chamado de Lampião para que deixassem as mulheres em paz. O próprio chefe comunicou às empregadas que se houvesse capturado Frutuoso, ele só seria libertado mediante o pagamento de quarenta contos de réis, verdadeira fortuna para época, demonstrando o poder econômico do proprietário do lugar.

Na casa os cangaceiros mexeram em uma grande e pesada mesa de madeira, quebrando as gavetas que nela existiam. Em um fogão de ferro fundido, fabricado na Inglaterra, os cangaceiros buscavam avidamente comida, mas nada encontraram. A mesa e o fogão continuam na Ponta da Serra marcando a passagem dos cangaceiros.

Enquanto o saque prosseguia foi capturado o agricultor Francisco Dias, do sítio Corredor, propriedade existente mais adiante. Perguntado qual a próxima propriedade na sequencia da vereda existente comentou ser a Morcego, a um quilômetro de distância, cujo dono era Manoel Raulino. Rapidamente Francisco Dias foi “promovido”, mesmo a contra gosto, a função de guia dos bandoleiros.
Tão violentamente e rápido como chegaram, satisfeitos com o butim, Lampião ordenou que a cabroeira seguisse adiante




Rostand Medeiros e o Dr. Lacy na cidade de Martins, 2010 – Foto – Junior Marcelino.
Logo aquele troço de uns 60 e tantos homens montaram em seus corcéis sertanejos e partiram. Seguiram altivos, coroados pelos seus chapéus de couro, transportando vistosamente suas armas, gritando, assoviando, proferindo palavrões, estalando chicotes e deixando no ar a catinga da mistura de perfume barato, suor e cachaça.
Varias outras propriedades foram assaltados, roubos aconteceram, destruições ocorreram, sequestros e mortes. Mas no dia 13 de junho de 1927 o povo de Mossoró resistiu galhardamente e Lampião e seus cangaceiros foram vencidos e fugiram sem conquistar a “Capital do Oeste”.
Hoje quase ninguém que viveu aquela época está neste plano para dar depoimentos, mas locais como o sítio Ponta da Serra são testemunhos daqueles dias incertos e devem ser preservados.

Defronte a casa da Ponta da Serra em abril de 2014, com os amigos Silvio Coutinho e Rivanildo Alexandrino.


Em abril de 2014 eu estive novamente nesta residência, acompanhado do diretor de cinema Silvio Coutinho, do Rio de Janeiro, e do amigo Rivanildo Alexandrino, da cidade de Frutuoso Gomes (RN), durante as filmagens do documentário “Chapéu Estrelado”, atualmente em montagem.

VALE LEMBRAR QUE NA ÉPOCA O PAI DE DR LACY, JOAO XAVIER DA CUNHA COMPROU A PROPRIEDADE AO SR JOAO FRUTUOSO, E POR HERANÇA DR LACY POSSUI HOJE A PROPRIEDADE DA PONTA DA SERRA.
EM 1938, A MÃE DE DR LACY, SRA. JOSEFINA XAVIER CONCLUIU OS TRABALHOS DA CAPELA DE LUCRÉCIA, COMPRANDO BANCOS, REALIZANDO PINTURA E ADQUIRINDO SINO. HOJE LUCRECIA ETERNIZA SEU NOME COM UMA ESCOLA ESTADUAL DENOMINADA JOSEFINA XAVIER.

DR LACY em Frutuoso Gomes
Na política Dr Lacy por muitos anos travou disputa de liderança com Jocelin Vilar e em uma das vezes ganhou para prefeito de Martins em 1952.
Prefeito de Martins de 1952 a 1957. Em 1955 existia o subsidio de 3600 réis para o sub-prefeito da Vila de Mineiro.
Em 1966 o então prefeito Vicente Costa criou um ambulatório com uma sala onde havia uma mesa de exames, material de curativos, de injeções e espéculos vaginais. A assistência médica dessa época era dada pelo medico de Martins, Dr Francisco Xavier de Lucena (Dr. Lacy).
Em 1962 houve eleição para deputado estadual onde os rivais Jocelin Vilar e Dr Lacy foram candidatos, pra se ver a rivalidade, em Mineiro o resultado foi Jocelin 1979 vts e Dr Lacy 1865 vts. Dr Lacy foi eleito deputado estadual de 1963 a 1966.
Em 1965 muito influenciou na campanha do primeiro prefeito Vicente Costa dos Santos, que ganhou com 260 vts pela UDN.

As Histórias de Vida de Médico da Época:
- Conta Dr. Lacy que nas enchentes em anos bons de inverno, teve uma vez de atender a uma paciente tendo pegado soros aqui na vila e cruzado o rio cheio com os soros todos amarrados uns aos outros com cordão. Se fosse hoje daria com certeza uma infecção grande. Mas Deus protegia na época os inocentes.
- Em outra oportunidade, precisava de luz para fazer um parto e para isso tiveram de abrir um buraco na parede do quarto e ligado a luz do jeep para que pudesse concluir o procedimento.
- Dizem também que Dr Lacy que gostava de tomar umas e outras, certa vez no caminho de Martins, ao parar em uma casa para consultar um doente, esse ao sentir a pulsação do paciente, errou e estava contando a freqüência dele, e aí foi um problema quando Dr Lacy disse: Voce ta é bêbado. Ao que o paciente retrucou: Dr Lacy o Sr está pegando no seu pulso e não no meu.
- Após ser derrotado em uma ultima campanha na década de 60 em Martins para Prefeito, Dr Lacy montou seu consultório particular e fez questão de colocar uma plaquinha: Não sou mais político, consulta só se for pagando.

DR LACY HOJE:
- Nascido em 1917, conta hoje Dr Lacy com 99 anos, tem dois filhos médicos, Jenner e Addison. Inclusive Addison foi colega meu de faculdade. Dr Lacy colocou os nomes nos filhos de médicos famosos.






CASA EM MARTINS ONDE MORA DR LACY. EMBORA PASSE GRANDE PARTE DO TEMPO NA FAZENDA PONTA DA SERRA.


DR LACY É HOMENAGEADO PELO CRM COM A COMENDA PROFESSOR ONOFRE LOPES DA SILVA


A Comenda Professor Onofre Lopes da Silva é outorgada, a cada ano, a médicos que se destacam pela sua contribuição para o desenvolvimento da medicina no Rio Grande do Norte.O Dr. Lacy, conhecido médico da região Oeste do Rio Grande do Norte, lá da cidade de Martins, cujo nome mesmo é Dr. Francisco Xavier de Lucena, recebeu a Comenda Professor Onofre Lopes da Silva do Conselho Regional de Medicina, através dos seus filhos, os médicos Dr. Addisson Carvalho Xavier e Dr. Jenner Carvalho Xavier. A medalha e o certificado da Comenda foram entregues pelo Conselheiro Dr. José Hildo Fernandes, na noite da última quinta-feira, dia 15 de outubro de 2009.
ACREDITO SER DR LACY O MÉDICO MAIS IDOSO DO RIO GRANDE DO NORTE E TALVEZ DO BRASIL.

sábado, 19 de março de 2016

Citado por Moro, Watergate gerou grande expectativa (e desilusão) nos EUA

João Fellet - @joaofellet

(Foto: AP)

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Image captionWatergate, que derrubou Richard Nixon, também envolveu gravações de conversas

Citado pelo juiz Sérgio Moro em despacho na quinta-feira, o escândalo de Watergate provocou uma das mais graves crises institucionais da história dos Estados Unidos e, como a Operação Lava Jato, gerou grandes expectativas de mudanças na política americana.
Muitos acreditavam que o caso ─ que levou à renúncia do presidente Richard Nixon em 1974 ─ ampliaria o controle sobre as campanhas eleitorais e ameaçaria o domínio dos principais grupos políticos.
Quarenta e dois anos depois, porém, os partidos Democrata e Republicano continuam a se revezar na Casa Branca, e a disputa pela sucessão de Barack Obama deverá ser a campanha eleitoral mais cara da história do país.
Moro se referiu ao Watergate ao justificar a divulgação de gravações de telefonemas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff.
"Ademais, nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente, podendo ser citado o conhecido precedente da Suprema Corte americana em U.S. v. Nixon, 1974, ainda um exemplo a ser seguido", afirmou o juiz em despacho.

(Foto: Getty)Image copyrightGetty
Image captionMoro citou Watergate ao justificar divulgação de conversas entre Lula e Dilma

Na disputa judicial citada por Moro, o procurador Leon Jaworski, que investigava ações ilegais para desestabilizar a campanha de um político rival a Nixon, pediu acesso a gravações de conversas entre o presidente e assessores feitas pela própria Casa Branca.
O presidente recorreu à Suprema Corte alegando que o cargo lhe garantia imunidade judicial e que sua comunicação com auxiliares deveria permanecer sob sigilo. Mas a corte decidiu que as gravações deveriam ser entregues, acelerando a renúncia de Nixon.

Grampos na campanha

A crise começou a ser gestada em 1972, quando um grupo invadiu o prédio Watergate, em Washington, para fotografar documentos e instalar grampos telefônicos num escritório do Partido Democrata, que fazia oposição a Nixon e apoiava a candidatura de George McGovern à Presidência.
O objetivo era obter informações que favorecessem a reeleição de Nixon, do Partido Republicano.
Cinco homens foram presos em flagrante durante a invasão. Investigadores descobriram que um deles havia recebido US$ 25 mil da campanha de Nixon, que, no entanto, conseguiu se reeleger.
Conforme a investigação prosseguia, assessores próximos de Nixon foram implicados. Em 1973, o Senado também passou a fazer diligências sobre o episódio e soube que a Casa Branca gravava por conta própria todas as conversas do presidente no Salão Oval, o que levou ao pedido de acesso às fitas.
As gravações revelaram que Nixon havia discutido com assessores formas de obstruir as investigações.

(Foto: BBC)
Image captionEscândalo de Nixon envolveu espionagem de rival

O presidente renunciou antes que o Congresso votasse seu impeachment, em 8 de agosto de 1974. Seu vice, Gerald Ford, assumiu e lhe concedeu um perdão presidencial, tornando-o imune a punições por atos cometidos em sua administração.
O Watergate levou à condenação de 48 funcionários do governo americano, muitos dos quais acabaram presos.

Limpeza na política

Uma reportagem publicada na revista U.S. News & World Report poucos dias após a renúncia de Nixon dizia que o caso teria um impacto "profundo e duradouro" na política americana e "higienizaria" suas práticas.
A reportagem afirmava que, entre outros efeitos, o episódio afastaria os eleitores dos partidos políticos, pondo em xeque o sistema bipartidário americano, e aumentaria o controle sobre doações eleitorais.
O Congresso chegou a aprovar uma reforma eleitoral, criando um fundo público para financiar campanhas, proibindo doações secretas e definindo limites para os repasses.
Mas aos poucos a Suprema Corte anulou a reforma ao decidir que controlar as doações eleitorais ameaçaria a liberdade de expressão.
A polarização entre os partidos Republicano e Democrata tampouco foi quebrada: todos os presidentes que assumiram desde Nixon pertenciam a uma das siglas.

(Foto: Getty)Image copyrightGetty
Image captionEleição americana deve custar cinco vezes mais que a de 2012, que reelegeu Obama

Lições esquecidas?

Com o quadragésimo aniversário do Watergate, muitos órgãos de imprensa analisaram seus legados.
Um artigo na CNN questionava se o país havia esquecido uma lição chave do caso ao permitir que empresas e sindicatos doassem valores ilimitados aos chamados Super PACs (Comitês de Ação Política).
Em tese independentes, esses comitês podem patrocinar comerciais ou eventos favoráveis ou contrários a candidatos.
Na prática, são usados por políticos para driblar restrições a doações e preservar doadores, já que os comitês podem divulgar suas identidades só depois das eleições.
Estima-se que a campanha de 2016 custará até US$ 10 bilhões, valor equivalente ao PIB de Madagascar e cinco vezes maior que as quantias arrecadadas por Barack Obama e Mitt Romney na corrida de 2012.

sábado, 12 de março de 2016

HÁ QUATRO MESES PARTIA O NOSSO QUERIDO AMIGO PAULO DE TASSO DE JOAO DIAS


PROGRAMA UNIVERSO DA VIOLA DA RADIO VIDA DE MARTINS DIRIGIDO POR PAULO DE TASSO 


Faleceu em 12 de novembro de 2015. Ele perdeu a luta contra um câncer de Pâncreas
Paulo de Tarso era líder da política tradicional oestana.
“Mandava” em João Dias, como dizia seus correligionários e admiradores.
Na Assembleia Legislativa, a morte do líder político foi registrada pelo deputado Gustavo Carvalho (Pros).
“Tive a honra de conviver com Paulo de Tarso há mais de dez anos e sou testemunha de sua dedicação ao trabalho político e social em benefício da população de João Dias.  Sua partida é uma perda irreparável”, disse Gustavo, que se solidarizou com os familiares e com a população de João Dias.
ERAMOS PRIMOS, PAULO VERISSIMO SEU PAI ERA PRIMO LEGITIMO DE MINHA MAE.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Chikungunya: o vírus que envergou uma cidade


O drama de Valente, o município mais afetado pela doença no Brasil em 2015

CRISTIANE SEGATTO
09/03/2016 - 16h03 - Atualizado 09/03/2016 16h23Valente é uma cidade baiana de 30 mil habitantes. Fica na região de Feira de Santana e vive, principalmente, da produção de sisal. A atividade que exige disposição e braços fortes foi gravemente afetada pelo vírus chikungunya desde o segundo semestre de 2014. Não só ela. O vírus deixou um rastro de perdas. Roubou a saúde da população, fez um estrago nas contas da prefeitura e prejudicou a economia local.
Grande parte dos trabalhadores caiu de cama. Esse é um vírus que parece ter predileção pela população em idade produtiva. Muitos infectados continuam sentindo dores nas articulações até hoje. Gente jovem, independente, passou a precisar de ajuda até para vestir a roupa. Continua a consumir antiinflamatórios, a precisar de fisioterapia e a exigir constantes afastamentos do trabalho.
Por que devemos olhar para Valente? Porque a cidade é um microcosmo do que o Brasil pode se tornar, caso continue a subestimar o custo social desse vírus. “Só se fala do zika, mas o chikungunya é uma encrenca”, disse o secretário estadual de saúde de São Paulo, David Uip, em entrevista a ÉPOCA no início de fevereiro.
No ano passado, Valente foi o município brasileiro com a maior incidência do vírus. Uma em cada onze pessoas foi infectada. Era difícil encontrar uma família sem nenhum caso da doença. “O chikungunya deu muito mais prejuízo à cidade que a dengue”, diz o secretário municipal de saúde Agnaldo de Oliveira Silva. “Foi uma coisa assustadora”.
Sem conseguir caminhar, com fortes dores e postura curvada, as pessoas faltavam ao trabalho e faziam fila no único hospital municipal. A demanda por atendimento mais que dobrou. De 2,5 mil atendimentos médicos por mês, a cidade passou a realizar 4 mil. O gasto com medicamentos dobrou.
A prefeitura foi obrigada a destinar 28% do orçamento à saúde(muito mais que os 15% determinados por lei). Todas as outras áreas foram sacrificadas. Faltou dinheiro para as obras de infraestrutura e manutenção. “Além do custo altíssimo para a gestão pública, existe o custo de previdência”, afirma Agnaldo. “Mais de um ano depois da infecção, há pessoas que ainda não conseguiram voltar às atividades normais”.
No Brasil, 13 estados e o Distrito Federal têm transmissão local do vírus chikungunya. A experiência de outros países dá boas pistas do que nos aguarda. Em 2004, o vírus infectou 60% dos habitantes das Ilhas Reunião, no Oceano Índico. A doença deixou a população debilitada por muito tempo e afetou gravemente a economia. As pessoas não conseguiam sair de casa para trabalhar, estudar ou consumir.
Nos países do Caribe, já acostumados às agressões do vírus, os moradores costumam dizer que o chikungunya “não mata, mas aleija”. Os especialistas ressaltam que a cada epidemia, a doença parece se tornar ainda mais severa. Saiba mais no áudio de 2 minutos.

sábado, 5 de março de 2016

RICAS BEM NOVINHAS: Conheça a norueguesa que, aos 19 anos, é a bilionária mais jovem do mundo

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FerdImage copyrightFerd
Image captionA mais jovem bilionária do mundo dedica seu tempo aos cavalos
Mesmo para os altos padrões de bem-estar social da Noruega, Alexandra Andresen é um caso de arregalar os olhos.
Aos 19 anos, a herdeira de um conglomerado de empresas é a bilionária mais jovem do mundo, segundo um levantamento da revista americana de economia Forbes.
Andresen, segundo a publicação, tem fortuna avaliada em US$ 1,15 bilhão e já é dona da nona maior no país escandinavo - em segundo lugar no ranking da Forbes, por sinal, está sua irmã, Katharina, um ano mais velha.

'Pódio norueguês'

Só que as duas jovens já eram multimilionárias antes de sequer entrarem na adolescência: em 2007, o pai delas, Jonah, transferiu para cada uma 42% das ações da Ferd, empresa que já foi uma gigante do mercado tabagista norueguês e hoje atua em uma diversidade de setores, da eletrônica aos empreendimentos imobiliários.
FerdImage copyrightFerd
Image captionAs irmãs Andresen
Mas, segundo relatos da mídia norueguesa, as meninas tiveram uma vida normal em Oslo, onde nasceram. Alexandra, em entrevistas anteriores, disse que os pais lhe ensinaram a economizar e que ela dirige carros usados - não é que o sugerem as fotos bem estilodolce vita que as iurmãs Andresen postam em mídias sociais.
Atualmente, Alexandra vive na Alemanha, onde se dedica à equitação.
Um aviso aos pretendentes: a bilionária namora um lutador profissional de artes marciais, Joachim Tollefsen, de 24 anos.
Katharina estuda Ciências Sociais em uma universidade de Amsterdã. E nenhuma das irmãs trabalha para a Ferd.
Jonah Andresen, usuário frequente do Twitter, e com mais de 55 mil seguidores, faz parte de uma geração de empreendedores escandinavos que data do século 18. Desde 2009 ele financia operações de estímulo financeiro em países pobres.
Curiosamente, a Noruega, apesar de citada frequentemente como exemplo de equilíbrio social, ocupa os três primeiros lugares da lista de bilionários mais jovens do mundo. Além das irmãs Andresen, completa o "pódio"Gustav Magnar Witzoe, herdeiro da Salmar, a principal produtora de salmão do país.

PARA PIORAR A SITUACAO DE LULA E COMO ELE SE ASSEMELHA AO CHEFAO FALECIDO CHAVES DA VENEZUELA: Lula: “Podem enfiar no c. esse processo”


Jandira Feghali gravou um vídeo ontem, durante encontro com Lula, para enviar um recado à militância e acabou cometendo uma gafe fabulosa.

Logo no início do vídeo, é possível ouvir Lula, em segundo plano conversando com Dilma. “Eles que enfiem no c* todo esse processo”, diz ele
Esse é o verdadeiro Lula e essa é a verdadeira Dilma, que se acham acima da lei.

Analistas nos EUA descartam risco de ‘venezuelização’ após ação contra Lula

SEMPRE RELATEI E ACHEI QUE CHAVES E MADURO VERSUS LULA E DILMA TINHAM MUITA COISA A VER.

Após Lula ser conduzido para depor sobre sua relação com empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, manifestantes favoráveis e contrários ao petista brigaram em frente à casa do ex-presidente e no aeroporto de Congonhas. O PT convocou um protesto em solidariedade a Lula e o Movimento Brasil Livre (MBL), que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcou um ato a favor da Lava Jato.
Presidente emérito do Inter-American Dialogue, um centro de debates e pesquisas em Washington, Peter Hakim diz que apesar da polarização o Brasil não deve seguir os passos da Venezuela, onde confrontos entre defensores e críticos do governo têm provocado mortes e agravado a crise econômica.
“O Brasil não tem o tipo de divisão (radical) que vemos na Venezuela entre chavistas linha-dura, grupos de baixa renda que se beneficiaram enormemente de programas sociais e uma classe média e alta que sente que o país foi tomado de assalto”, ele diz à BBC Brasil.
Para Hakim, a relação entre governo e oposição no Brasil sempre foi mais fluida. “Mesmo a transição do regime militar para o civil foi feita com facilidade”.
Analistas afirmam, no entanto, que a operação contra Lula dificulta ainda mais a posição de Dilma no governo.
A consultoria Eurasia divulgou um comunicado em que diz considerar provável a queda da presidente. Até quinta-feira, a consultoria avaliava que Dilma tinha mais chances de ficar no cargo que de cair.
Para a Eurasia, a detenção de Lula “deve gerar uma mobilização maior para o protesto pró-impeachment em 13 de março, ao qual congressistas serão bem sensíveis”.
‘Conflitos pontuais’
Diretor de América Latina da Eurasia, João Augusto de Castro Neves afirma que a ação contra Lula deve gerar apenas conflitos pontuais e reverberar positivamente entre investidores estrangeiros.
“Como aumentou o risco de Dilma cair, eles passam a achar que a solução da crise política e econômica no Brasil está mais próxima”, diz Neves. “Se eles estão certos ou não, isso é outro debate.”
Nesta sexta, o real se valorizou e a Bolsa de São Paulo opera em alta.
Para Kellie Meimam Hock, sócia-diretora da consultoria McLarty Associates e que serviu como diplomata no Brasil, a operação contra Lula sinaliza que “as instituições estão funcionando e isso está levando o Brasil para uma nova era”.
“Temos um grupo de promotores jovens e bem agressivos que estão mirando o que querem para o Brasil e usando as instituições para chegar lá”.
Para Hock, o desafio de Dilma será convencer investidores e governos estrangeiros de que os rumos da Lava Jato indicam que o Brasil “é uma democracia funcional, com Judiciário funcional e instituições com um nível sofisticado, e não o contrário”.
Para Harold Trinkunas, diretor de América Latina do Brookings Institution, outro centro de pesquisas e debates em Washington, a diferença entre Brasil e Venezuela é que, no Brasil, “as pessoas estão operando dentro das instituições para ampliar o alcance da lei e não reduzi-lo”.
Já na Venezuela, opina ele, a crise é alimentada por um governo que tem se valido de ações inconstitucionais para se manter no poder.
Trinkunas diz considerar que, embora no curto prazo a Lava Jato tenda a agravar a turbulência política no Brasil, no longo prazo a operação poderá ser vista como um marco no combate à impunidade, problema em que o país custa a avançar apesar da redução da pobreza e melhorias em outras áreas.
Todos os analistas disseram considerar improvável que os Estados Unidos tentem interferir na crise política brasileira.
“O Brasil não está pedindo a ajuda dos Estados Unidos”, diz Hakim, do Inter-American Dialogue. “E na verdade os Estados Unidos não têm capacidade de ajudar o Brasil, não há muito que o governo aqui possa fazer.”
Para Hakim, a postura da Casa Branca diante da crise no Brasil reflete um menor envolvimento da Casa Branca em toda a América Latina, à exceção da América Central e da Colômbia.
“O Brasil está muito distante hoje.”


Blog do BG: http://blogdobg.com.br/analistas-nos-eua-descartam-risco-de-venezuelizacao-apos-acao-contra-lula/#ixzz423tPfnee

Imagem internacional do Brasil não poderia estar pior', diz brasilianista


  • Há 9 horas
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Foto: Lucas Bertolo
Image captionPara o historiador britânico o momento no Brasil é um dos piores desde o suicídio de Getúlio Vargas (Foto: Lucas Bertolo)
No dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi diretamente atingido pela operação Lava Jato, o historiador britânico e brasilianista Kenneth Maxwell disse que "a imagem internacional do Brasil não poderia estar pior".
A operação da Polícia Federal na casa do petista marca, segundo ele, a fase mais séria da Lava Jato. E acontece um dia depois de o escândalo se aproximar do "coração do governo" - com a suposta menção a Lula e à presidente Dilma Rousseff no acordo de delação do senador Delcídio Amaral e a divulgação dos resultados econômicos que mostraram a "pior crise econômica em meio século".
Mas não é só isso: há ainda a epidemia de zika, o envolvimento de brasileiros nos escândalos da Fifa e problemas nos locais de competição dos Jogos Olímpicos do Rio, por exemplo.
"A imagem do Brasil tende a ir da euforia para premonições de desastre", afirma Maxwell, fundador do programa de estudos brasileiros da Universidade Harvard.
"É a crise mais séria do Brasil desde o suicídio de Getúlio Vargas na metade dos anos 1950, e que levou a um impasse responsável posteriormente por quase duas décadas de governo militar".
AFPImage copyrightAFP
Image captionReputação de Lula sofreu duro golpe, na opinião do brasilianista
Veja abaixo os principais trechos da entrevista, concedida à BBC Brasil via e-mail.
BBC Brasil - Na quinta-feira, o Brasil anunciou o pior resultado econômico em pelo menos 20 anos, o senador Delcídio Amaral (PT) implicou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff na negociação de sua delação premiada; um dia depois, a Polícia Federal realizou uma grande operação na casa de Lula. Como o senhor vê isso?
Kenneth Maxwell - É de fato a "tempestade perfeita". A busca feita pela Polícia Federal na casa de Lula, assim como no Instituto Lula, marca a fase mais séria até agora da Operação Lava Jato, que investiga os múltiplos tentáculos políticos e econômicos do gigantesco escândalo de subornos e propinas da Petrobras.
O acordo de delação do antigo líder do PT no Senado, Delcídio Amaral, aparentemente ligou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma diretamente a um esquema para desacreditar e prejudicar a investigação de Moro. Se isso for verdade - até agora as evidências estão em informações vazadas à imprensa - o escândalo atinge o coração do governo. Isso fortalece os pedidos pelo impeachment de Dilma. Mas além de outras coisas, Dilma é certamente muito teimosa, e ela não vai desistir facilmente.
E as alternativas constitucionais também são impalatáveis. Há tentativas de retirar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado de corrupção e o terceiro na linha de sucessão de Dilma (depois do vice-presidente) se ela sair do poder, mas ele é um mestre do obstrucionismo processual e também não vai desistir fácil. E o maior partido da oposição, o PSDB, que perdeu as últimas eleições, também tem muitos esqueletos no armário. É um impasse trágico.
APImage copyrightAP
Image captionPara brasilianista a operação da polícia da casa de Lula marca a 'fase mais séria da Lava Jato'
BBC Brasil - Que consequências isso pode ter para a situação política e econômica do Brasil?
Kenneth Maxwell - Não são boas. O Brasil vive sua pior crise econômica em meio século. E o ambiente internacional tampouco tem ajudado, ante o colapso do preço do barril do petróleo que agravou muito os problemas da Petrobras, e a redução de ritmo da economia chinesa, maior parceira comercial do Brasil.
O problema não é que o Brasil não tenha muitos indivíduos excelentes, tanto no setor privado como no público, mas é o modelo de intervenção excessiva do Estado e a relação promíscua entre o governo e as grandes construtoras, e entre estas e as corporações estatais - e, possivelmente também os bancos estatais - que ofereceu um pote de mel para os políticos, todos prontos para obter vantagens pessoais e políticas.
O PT não inventou a corrupção no Brasil, mas obviamente foi corrompido pelo exercício do poder. É difícil ver um resultado favorável no curto prazo. Mas o fato que deverá ser esquecido é que os governos do PT trouxeram melhorias reais nas condições de vida dos muito pobres no Brasil.
O antagonismo em relação ao PT é intenso há anos entre os brasileiros ricos, specialmente no sul e centro do país. Existem antagonismos profundos - regional, racial e de classe - envolvidos. E o risco de piorarem com a crise econômica e a paralisia política persiste.
BBC Brasil - E a imagem internacional do país?
Kenneth Maxwell - A imagem internacional do Brasil não poderia estar pior. A crise também envolve a disseminação rápida do vírus zika e a crise na saúde pública. Há ainda caso na Corte Federal de Nova York envolvendo a Petrobras, o envolvimento profundo dos brasileiros nos escândalos da Fifa e a investigação destes escândalos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e do FBI.
Também há os problemas com a finalização das obras dos Jogos Olímpicos em agosto no Rio de Janeiro, a poluição crônica da Baía de Guanabara. A falta de saúde pública e a falta de confiança no governo.
A imagem do Brasil tende a ir da euforia às previsões de desastre. Na realidade ,nunca é tão boa ou tão ruim, e o Brasil é um país vasto onde algumas coisas funcionam bem e onde há uma esperança permanente no futuro. Mas atualmente é muito difícil encontrar algo positivo em meio ao tsunami de notícias ruins.
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Image captionBrasilianista cita a crise gerada pela disseminação do vírus zika e os problemas nas obras olímpicas pioram ainda mais a situação do país
BBC Brasil - E quanto a Lula? Sua imagem internacional será prejudicada?
Kenneth Maxwell - A imagem de Lula já está manchada e, mais importante, dentro no Brasil. Sua popularidade, que estava no ponto máximo quando ele deixou o cargo, caiu muito nos últimos meses.
Em parte, isto é o resultado do ataque constante na mídia. Mas é também resultado das prisões e sentenciamentos de políticos e empresários devido ao escândalo da Petrobras, que ficou cada vez mais próximo de Lula e Dilma.
Se Lula estava envolvido em um caso de acobertamento, como (o ex-presidente americano) Richard Nixon, e isso ainda não sabemos, será difícil ver uma recuperação de sua reputação.
BBC Brasil - O quanto a posição do governo ainda é sustentável depois dos últimos acontecimentos?
Kenneth Maxwell - No momento o governo está paralisado pela crise política e por sua incapacidade de agir para mitigar a crise econômica. E o pior é que há pouca clareza no momento sobre qual poderia ser um desfecho mais positivo.
A única coisa que pode ser dita com certeza é que a crise vai piorar antes de chegarmos a qualquer resolução viável e políticamente sustentável.
É a crise mais grave que o Brasil enfrenta desde o suicídio de Getúlio Vargas, no meio da década de 1950, e que levou ao impasse que gerou duas décadas de regime militar. Ninguém está prevendo uma volta desta história triste, mas, sem dúvida, há muito em jogo no país em termos políticos e econômicos.
BBC Brasil - O sr. acha que a situação pode melhorar em um futuro próximo?
Kenneth Maxwell - Não