domingo, 17 de dezembro de 2017

Com extras, 71% dos juízes do país recebem acima do teto de R$ 33 mil

Nos Tribunais de Justiça, penduricalhos representam um terço da renda, aponta levantamento do jornal carioca O Globo.
Da redação, O Globo, 17 de dezembro de 2017



Folhas de pagamento entregues este mês ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por tribunais de todo o país mostram que, ao menos nas cortes estaduais, receber remunerações superiores ao teto constitucional é regra, não exceção. Levantamento do Núcleo de Dados do GLOBO, com base nas informações salariais divulgadas pela primeira vez pelo CNJ, aponta que, nos últimos meses, 71,4% dos magistrados dos Tribunais de Justiça (TJs) dos 26 estados e do Distrito Federal somaram rendimentos superiores aos R$ 33.763 pagos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — valor estabelecido como máximo pela Constituição.

Dos mais de 16 mil juízes e desembargadores dos TJs, 11,6 mil ultrapassaram o teto. A remuneração média desse grupo de magistrados foi de R$ 42,5 mil. Nessa conta, auxílios, gratificações e pagamentos retroativos têm peso significativo e chegam a representar um terço do rendimento mensal — cálculo que só pôde ser feito a partir da exigência do CNJ de receber as folhas completas num único padrão. No levantamento, O GLOBO desconsiderou os benefícios a que todos os servidores dos Três Poderes têm direito: férias, abono permanência e 13º salário. Em alguns estados, foi usada como referência a folha de novembro; em outros, a de outubro ou setembro, dependendo da que foi divulgada.

NOTA DO BLOG: Será que eles vao devolver aos cofres públicos o que passou do teto? Vale salientar uns marajás desses, num pais em que falta saude, seguranca, educação, e tudo o mais.


domingo, 5 de novembro de 2017

A escrava Luislinda



Ninguém sabia até algumas horas atrás quem era essa Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos – sim, acredite ou não, existe tal emprego no Brasil Para Todos: “ministro dos Direitos Humanos”, com direito a carro chapa branca e todas aquelas outras cerejas no bolo que você conhece tão bem. Luislinda, em condições normais, seria mais um caso de alta autoridade que faz a costumeira viagem do anonimato para o anonimato. Mas a ministra resolveu aparecer – e armou um desastre que, a partir de agora, se transforma na história da sua vida. “Luislinda?”, vão dizer no futuro os que ainda se lembrarem do caso. “É aquela que queria ganhar 60.000 reais por mês, porque acha que os 33.000 e tantos que está ganhando são tão pouco que caracterizam trabalho escravo.”
A ministra queria somar o seu salário de desembargadora na Bahia aos vencimentos que tem à frente o ministério. Não pode, embora seja praticado abertamente de norte a sul em nosso Brasil brasileiro por um monte de gente que manda mais do que ela. Mas há certas coisas que não dá para fazer nem em Brasília. Dizer-se vítima de “trabalho escravo” ganhando mais de 30.000 reais por mês, e pedir que o erário público lhe pague o dobro do que já está pagando, é uma delas.
Não deu certo. Todo o mundo ficou sabendo, porque foi publicado na imprensa, e Luislinda teve de desistir subitamente do requerimento que havia feito. Porque desistiu, se achava que tinha razão? Afinal, ela foi capaz de escrever uma petição com mais de 200 páginas exigindo os seus 60.000. É coisa muito pensada, que levou tempo e deu trabalho para fazer – só de pensar na obrigação de ler um negócio desses a pessoa já fica exausta. Se considerava a si mesma tão cheia de razão, tinha de insistir no seu pedido – no mínimo, para não incentivar essa turma que, segundo a pregação corrente na praça, quer abolir a abolição da escravatura. Mais: se o governo não iria atender ao seu grito de revolta, ela teria, pelo menos, de pedir demissão do cargo.
Que esperança. Luislinda continua lá, com salário de escrava e tudo, porque no fim das contas é isso o que lhe interessa: ficar. É a atitude clássica do mandarim brasileiro. Se faz alguma coisa escondido e ninguém percebe, beleza. Se ficarem sabendo e der confusão, Suas Excelências caem fora.
O ministério ocupado por Luislinda, em si, já é uma trapaça gigante. Direitos Humanos? Como, num governo que gasta mais de 1 trilhão de reais por ano, não há ninguém para cuidar disso? Precisa de ainda mais gente? É engraçado: quando mais imprestável é alguma coisa no serviço público, maior é a tendência de seus responsáveis se meterem em casos assim. A ministra só é diferente numa coisa, apenas uma, da manada de promotores, procuradores, juízes, desembargadores (ela tem esse cargo, aliás), ministros dos tribunais regionais, superiores e supremos, marajás variados, etc.: quase todos eles violam sem o menor constrangimento a lei do teto salarial e saem ganhando sempre. Luislinda, no fundo, é apenas mais uma prova, agora apresentada de uma forma francamente patética, do mundo de demência em que vivem os altos funcionários deste país. Passam a acreditar, com empenho fanático, que a realidade é aquela que vivem, e que o pagador de impostos tem a obrigação de prover o bem estar que decidem ser indispensável para si próprios. A psiquiatria chama isso de “desordem delusional” – o conjunto de alucinações e crenças psicóticas através das quais o indivíduo nega a realidade ao seu redor e constrói um universo artificial onde tudo existe em função de seu interesse pessoal. É um distúrbio ilusório grave. Parece que não tem cura.

domingo, 22 de outubro de 2017

RN chega a marca de 2.000 assassinatos em menos de um ano

O RN atingiu a incrível e assombrosa marca de 2000 assassinatos no ano. Nunca se matou tanto na história do estado. O total de assassinatos é 25,8% maior que a quantidade registrada no mesmo período do ano passado, uma média assustadora de 6,80 mortes por dia.

A capital Natal, com 524 mortes, é a cidade potiguar mais violenta.

Cerca de 78% dos assassinatos estão relacionados com o tráfico de drogas, de acordo com Sheila Freitas, secretária de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed).

Se faz necessário políticas públicas eficazes de enfrentamento à criminalidade e também de transformação social.

Veja gráfico abaixo do Observatório da Violência Letal Intencional, juntamente com a UFERSA,


Veja como é e quanto dura o curso de medicina em 15 países e no Brasil


A proposta do governo federal de ampliar a duração dos cursos de medicina no Brasil pode fazer com que o país passe a exigir no mínimo oito anos de estudo e prática dos estudantes para que eles consigam o diploma e o registro profissional de médico. O novo currículo aproxima o Brasil de países como Estados Unidos e África do Sul como os que exigem o maior período até que um médico seja permitido a exercer a profissão, segundo levantamento feito pelo G1 das regras de formação na área em 15 países.
Em todos eles, o curso de medicina é um dos mais compridos, exigentes e concorridos --em nenhum dos casos é possível se formar com menos de seis anos de estudos, como é a realidade brasileira atual. Além disso, todos preveem que, antes de receber o diploma e o registro profissional, o médico em formação tenha algum tipo de prática e contato com pacientes, sob o acompanhamento de professores e médicos já formados.
Quanto duram os cursos de medicina no Brasil e em 15 países (Foto: Editoria de Arte/G1)
Essa parte do curso é conhecida como "clínica" e em geral acontece dentro do hospital, onde os alunos, orientados pelas universidades, são confrontados com diversos casos médicos e demonstram seu conhecimento sobre como diagnosticá-los e tratá-los. Antes da obtenção do diploma, parte dos países exige algum tipo de estágio nos moldes do divulgado pelo governo neste mês. Em alguns deles, esse trabalho é feito no formato de serviço social comunitário (veja a tabela ao lado).
O levantamento considera apenas as fases obrigatórias para que o estudante receba o registro de médico. Em todos os casos, após essa etapa, os profissionais ainda seguem estudando em programas de residência (ou internato, termo usado em Portugal) e outros cursos de especialização e pós-graduação.
Modelos semelhantes
Os dois casos citados pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, como inspiração para o novo modelo brasileiro são o Reino Unido e a Suécia, que exigem no mínimo sete anos de preparação para a profissão médica.
Nas escolas britânicas, o curso é dividido em dois ciclos: no primeiro os estudantes têm aulas teóricas e práticas. No segundo, chamado Programa de Fundação, eles são alocados em clínicas e hospitais e, durante dois anos, sempre sob supervisão, demonstram terem aprendido os fundamentos ensinados na escola. Ao fim do primeiro ano, os supervisores do aluno decidem se ele está apto a receber o registro definitivo. Essa fase é administrada pelo Serviço Nacional de Saúde do país.
Na Suécia, os cinco anos e meio de faculdade são divididos em dois anos e meio de ciclo préclínico e três anos do ciclo clínico. Antes de se formarem, porém, os estudantes fazem um estágio com duração de 18 meses.
Outros países onde o estudante leva pelo menos sete anos para conseguir se tornar médico são Chile, Grécia e Rússia.
Graduação mais curta no Brasil
Em entrevista ao G1, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a inspiração tirada dos demais países foi "a ideia de implantar dois anos de concentração na atenção básica em saúde e na urgência e emergência, e que esses dois anos aconteçam no final da formação".
Segundo ele, o fato de o Brasil passar a ter uma das formações mais longas entre alguns dos principais países do mundo não significa que o currículo não possa ser alterado no futuro. "No modelo inglês, primeiro eles implantaram os dois anos de serviço e depois começaram a reduzir o primeiro ciclo", disse.
Ainda de acordo com o ministro, as regras do estágio ainda deverão ser detalhas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) nos próximos meses. Existe a possibilidade, por exemplo, de que os dois anos de formação possam contar como um ano de residência ou pós-graduação. Segundo ele, os anos extras na graduação poderão, assim, ser descontados no futuro.
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Serviço social
Na Grécia, sete anos é a duração da formação em alguns casos, já que a fase de trabalho antes do diploma só é compulsório para os estudantes que desejam atuar em hospitais e serviços públicos. Nesse caso, eles precisam passar por um período de estágio em áreas rurais do país. Quem pretende atuar apenas em clínicas privadas não precisam passar por isso.
Além da Grécia, o Egito também exige que todo estudante de medicina atue na área durante um ano antes de conseguir o registro. No caso egípcio, o trabalho é feito em hospitais mantidos pelo governo.
Na Alemanha, o governo tem incentivado propostas de inovação e flexibilização no currículo. Por isso, o estágio obrigatório dos estudantes na área de enfermaria, que dura cerca de três meses, não precisa ser a última etapa antes da formatura.
No último ano dos cursos de medicina da África do Sul, os estudantes de medicina, assim como os que estão matriculados em qualquer curso na área da sáude, precisam cumprir o Serviço Comunitário Compulsório (CCS, na sigla em inglês). Esse programa foi instituído no fim da década de 1990 para suprir a falta de profissionais da área em várias partes do país e é mantido pelo Departamento de Saúde do governo do país. No total, os aspirantes sul-africanos a médicos levam oito anos para começar a exercer a profissão.
No modelo inglês, primeiro eles implantaram os dois anos de serviço e depois começaram a reduzir o primeiro ciclo"

Medicina como pós-graduação
Nos EUA, o curso de medicina só é oferecido no nível de pós-graduação --é um dos poucos países onde isso acontece. Por isso, um estudante interessado em se tornar médico no país precisa, primeiro, fazer um curso de graduação (conhecido por lá como "undergraduate") que contemple os requisitos para o acesso a uma escola de medicina, como aulas de ciência.
Além disso, as universidades selecionam seus alunos com base em outros quesitos, como atividades extracurriculares. A duração da etapa que precede a formação médica de fato, na grande maioria dos casos, é de quatro anos.
Depois, os estudantes passam dois anos em salas de aulas e laboratórios e outros dois conhecendo a profissão de perto, em hospitais, antes de seguirem para a residência. No total, oito anos são necessários.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Lula diz que está 'lascado', mas que ainda tem força como cabo eleitoral


MARINA DIAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com a possibilidade de uma condenação impedir sua candidatura em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta segunda (9), um discurso inflamado contra a Lava Jato, no qual disse saber que está "lascado", exigiu um pedido de desculpas do juiz Sergio Moro e afirmou que, mesmo fora da disputa pelo Planalto, será um cabo eleitoral expressivo para a sucessão de Michel Temer. Segundo o petista, réu em sete ações penais, o objetivo de Moro é impedir sua candidatura no ano que vem, desidratando-o, inclusive, no apoio a um nome alternativo, como o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), caso ele não possa concorrer à Presidência. "Eu sei que tô lascado, todo dia tem um processo. Eu não quero nem que Moro me absolva, eu só quero que ele peça desculpas", disse Lula durante um seminário sobre educação em Brasília. "Eles [investigadores] chegam a dizer: 'Ah, se o Lula não for candidato, ele não vai ter força como cabo eleitoral'. Testem", completou o petista. Para o ex-presidente, Moro usou "mentiras contadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público" para julgá-lo e condená-lo a nove anos e seis meses de prisão pelo caso do tríplex em Guarujá (SP). O ex-presidente disse ainda não ter "medo" dos investigadores que, de acordo com ele, estão acostumados a "mexer com deputados e senadores" que temem as apurações. "Eu quero que eles saibam o seguinte: se eles estão acostumados a lidar com deputado que tem medo deles, a mexer com senadores que têm medo deles, quero dizer que tenho respeito profundo por quem me respeita, pelas leis que nós ajudamos a criar, mas não tenho respeito por quem não me respeita e eles não me respeitaram", afirmou o petista. De acordo com aliados, Lula não gosta de discutir, mesmo que nos bastidores, a chance de não ser candidato ao Planalto e a projeção do nome de Haddad como plano B do PT tem incomodado os mais próximos ao ex-presidente. O ex-prefeito, que estava no evento nesta segunda, fez um discurso rápido, de menos de dez minutos, em que encerrou dizendo esperar que Lula assuma a Presidência em 2019. "Espero que dia 1º de janeiro de 2019 esse pesadelo chamado Temer acabe e o senhor assuma a Presidência da República", disse Haddad. 'DEMÔNIO DO MERCADO' Lula voltou a fazer um discurso mais agressivo em relação ao mercado e disse que "não tem cara de demônio", mas quer que o respeitem "como se fosse". "Não tenho cara de demônio, mas quero que eles me respeitem como se eu fosse, porque eles sabem que a economia não vai ficar subordinada ao elitismo da sociedade brasileira", disse o ex-presidente. O petista rivalizou ainda com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), segundo colocado nas últimas pesquisas empatado com Marina Silva, e disse que se ele "agrada ao mercado", o PT tem que "desagradar". A Folha de S.Paulo publicou nesta segunda (9) reportagem em que mostrou que o deputado ensaia movimento ao centro no debate econômico, adotando um discurso simpático aos investidores do mercado financeiro.

domingo, 17 de setembro de 2017

General do Exército ameaça 'impor solução' para crise política no país



Um general da ativa no Exército, Antonio Hamilton Mourão, secretário de economia e finanças da Força, afirmou, em palestra promovida pela maçonaria em Brasília na última sexta-feira (15), que seus "companheiros do Alto Comando do Exército" entendem que uma "intervenção militar" poderá ser adotada se o Judiciário "não solucionar o problema político", em referência à corrupção de políticos.

Mourão disse que poderá chegar um momento em que os militares terão que "impor isso" [ação militar] e que essa "imposição não será fácil". Segundo ele, seus "companheiros" do Alto Comando do Exército avaliam que ainda não é o momento para a ação, mas ela poderá ocorrer após "aproximações sucessivas".

"Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso."

O general afirmou ainda: "Então, se tiver que haver, haverá [ação militar]. Mas hoje nós consideramos que as aproximações sucessivas terão que ser feitas". Segundo o general, o Exército teria "planejamentos muito bem feitos" sobre o assunto, mas não os detalhou.

Natural de Porto Alegre (RS) e no Exército desde 1972, o general é o mesmo que, em outubro de 2015, foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, e transferido para Brasília, em tese para um cargo burocrático sem comando sobre tropas armadas, após fazer críticas ao governo de Dilma Rousseff. Um oficial sob seu comando também fez na época uma homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, acusado de inúmeros crimes de tortura e assassinatos na ditadura militar.

A palestra de sexta-feira (15) foi promovida por uma loja maçônica de Brasília e acompanhada por integrantes do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, entre outros. Segundo o vídeo de duas horas e 20 minutos que registra o evento, postado na internet, Mourão foi apresentado no evento como "irmão", isto é, membro da maçonaria do Rio Grande do Sul.

Ele se definiu como "eterno integrante da [comunidade de] inteligência", tendo sido graduado como oficial de inteligência na ESNI (Escola do Serviço Nacional de Informações). Criado após o golpe militar de 64 e extinto em 1990, o SNI era o braço de inteligência do aparato de repressão militar para ajudar a localizar e prender opositores do governo militar, incluindo sindicalistas, estudantes e militantes da esquerda armada.

Um dos organizadores do evento, o "irmão" Manoel Penha, brincou, no início da palestra, que havia outros militares à paisana na plateia, com "seu terninho preto, sua camisa social". Ele afirmou em tom de ironia: "A intervenção que foi pedida, se feita, será feita com muito amor".

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terça-feira, 5 de setembro de 2017

Judiciário do Brasil custou R$ 84,8 bilhões em 2016, informa CNJ

O Poder Judiciário teve uma despesa total de R$ 84,8 bilhões em 2016, um crescimento de 0,4% em relação ao ano de 2015, mas o custo por habitante caiu de R$ 413,51 para R$ 411,73, no mesmo período.

As despesas totais do Poder Judiciário correspondem a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A despesa da Justiça Estadual, segmento mais representativo, que abarca 79% dos processos em tramitação, responde por 56,7% da despesa total do Poder Judiciário.

Do lado das receitas, os cofres públicos tiveram um ingresso de R$ 39,04 bilhões em 2016, em decorrência de cobranças judiciais – retorno de 46% das despesas efetuadas. A Justiça Federal é o segmento responsável pela maior parte, 48% do total arrecadado pelo Poder Judiciário.

A Justiça Federal foi o único segmento que retornou aos cofres públicos valor superior às suas despesas (79%) acima dos gastos. Já a Justiça Estadual arrecadou apenas 35% do que gastou, a Justiça do Trabalho 20%, a Justiça Militar 1% e os Tribunais Superiores 1%.

Despesa com pessoal

Os maiores gastos do Poder Judiciário foram com Recursos Humanos que consumiram R$ 75,9 bilhões (89,5%) do total de R$ 84,8 bilhões. O restante desse custo refere-se às despesas de capital (2,2%) e outras despesas correntes (8,3%) que somam R$ 1,9 bilhão e R$ 7 bilhões, respectivamente.

Dos gastos com Recursos Humanos, 95% destinaram-se ao custeio de magistrados e servidores ativos e inativos. Não se trata apenas do que comumente se considera salário ou aposentadoria. Incluem-se aí remuneração, proventos, pensões, encargos, benefícios e outras despesas indenizatórias. As despesas com cargos em comissão e funções comissionadas representam 13,6% do total de gastos com pessoal no Poder Judiciário e variam de 3% no Tribunal de Justiça do Acre a 38% no Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.

O custo mensal por Magistrado do Poder Judiciário em 2016 foi de R$ 47,703 mil, R$ 13,7 mil por servidor, R$ 4 mil por terceirizado e R$ 871 por estagiário. Os Magistrados custaram na Justiça Estadual R$ 49,093 mil, Justiça do Trabalho R$ 38,819 mil, Justiça Federal, de R$ 50,876 mil, Justiça Militar, de R$ 53,784 mil, Tribunais Superiores, de R$ 41,502 mil e Justiça Eleitoral, de R$ 8,782 mil. O menor custo da justiça eleitoral deve-se ao fato de que os juízes acumulam jurisdição e recebem da justiça eleitoral apenas a gratificação pela atividade. A remuneração efetiva destes magistrados é paga pelo órgão de origem.

Os gastos com terceirizados representam 4,3% do orçamento de recursos humanos; 0,8% com estagiários. Nesses valores estão computados encargos, benefícios e despesas em caráter indenizatório (diárias, passagens, auxílio moradia, entre outros).

Quadro de Pessoal 

O Judiciário possui uma Força de Trabalho total de 442,365 mil pessoas, sendo 18,011 mil Magistrados (juízes, desembargadores e ministros), 279,013 Servidores e 145,321 mil Trabalhadores Auxiliares (terceirizados, estagiários, juízes leigos e conciliadores).


terça-feira, 29 de agosto de 2017

Vacinação em queda no Brasil acende 'sinal amarelo' em autoridades de saúde

Vacinação em queda no Brasil preocupa autoridades por risco de surtos e epidemias de doenças fatais


DA BBC BRASIL

29/08/2017 16h26

EPA Vacinação em queda no Brasil acende 'sinal amarelo' em autoridades de saúde

Desde 2013, a cobertura de vacinação para doenças como caxumba, sarampo e rubéola vem caindo ano a ano em todo o país e ameaça criar bolsões de pessoas suscetíveis a doenças antigas, mas fatais. O desabastecimento de vacinas essenciais, municípios com menos recursos para gerir programas de imunização e pais que se recusam a vacinar seus filhos são alguns dos fatores que podem estar por trás da drástica queda nas taxas de vacinação do país.

O Brasil é reconhecido internacionalmente por seu amplo programa de imunização, que disponibiliza vacinas gratuitamente à população por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). Criado em 1973, o PNI (Programa Nacional de Imunização) teve início com quatro tipos de vacina e hoje oferece 27 à população, sem qualquer custo. Nem mesmo a crise econômica afeta o bilionário orçamento da iniciativa, estimado em R$ 3,9 bilhões para 2017.



No entanto, a cobertura vacinal no país está em queda. Números do PNI analisados pela BBC Brasil mostram que o governo tem tido cada vez mais dificuldade em bater a meta de vacinar a maior parte da população. Um exemplo é a poliomielite: a doença, responsável pela paralisia infantil, está erradicada no país desde 1990.

Em 2016, no entanto, o país registrou a pior taxa de imunização dos últimos doze anos: 84% no total, contra meta de 95%, recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Os dados de 2016 são parciais até outubro, mas emitidos após a campanha nacional de multivacinação, finalizada em setembro.

Para o governo, é cedo para dizer se há tendência de queda real ou se são oscilações por mudanças em curso no sistema de notificação –porém, os números já preocupam. "Ainda é muito precoce para dizer se há oscilação real, mas estamos preocupados, sim. O sinal amarelo acendeu," afirma Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização.

OS RISCOS

O que o governo mais teme é que a redução de pessoas vacinadas crie bolsões de indivíduos suscetíveis a doenças antigas e controladas no país. Em um grupo como esse, a presença de apenas uma pessoa infectada poderia causar um surto de grandes proporções.

Foi o que houve nos Estados do Ceará e Pernambuco entre 2013 e 2015. Após quase dez anos com cobertura de vacinação acima de 95% contra sarampo, caxumba e rubéola, em 2013 houve forte queda na cobertura de pessoas vacinadas nos dois Estados, seguida por um surto de sarampo que teve início em Pernambuco e se alastrou para 38 municípios do Ceará.

Ao todo, foram 1.277 casos nos dois Estados. Antes do surto, o Brasil não registrava um caso autóctone de sarampo desde 2000. Casos isolados desde então eram importados de outros países.



Em 1997, antes desse surto, a chegada em São Paulo de um único bebê infectado com sarampo, vindo do Japão, causou uma epidemia de proporções subcontinentais. O vírus infectou 53.664 pessoas no Brasil e se alastrou para países da América do Sul, deixando dezenas de mortos. Dois anos antes, uma extensa campanha de vacinação contra o sarampo havia ficado abaixo da meta de 95% em todo o país –no Sudeste, atingiu apenas 76,91%.

"Quando há queda nas taxas de imunização você vai criando um grupo de pessoas suscetíveis. Esse grupo vai crescendo ao longo do tempo, até chegar ao ponto em que a importação de um único caso gera uma epidemia", explica Expedito Luna, médico e professor de epidemiologia do Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo).

"Nós sabemos que é muito difícil atingir a totalidade de 100% das crianças vacinadas. Mas ao chegar próximo a esse nível, a chance de epidemia é muito pequena, mesmo na presença de um agente infeccioso", diz.

MOVIMENTO ANTIVACINA

De acordo com Carla Domingues, há diversos fatores que podem estar por trás dos números em queda e um deles pode ser a recusa, que tem aumentado nos últimos anos, de pais em vacinar seus filhos. "Os dados de 2016 mostram menor cobertura vacinal para a poliomielite. Pode ser por fatores sazonais, mas a resistência das pessoas é algo que está nos chamando a atenção," diz.

Com mais vacinas disponíveis, algumas famílias optam por quais aplicar em seus filhos. Outras preferem evitar a vacinação das crianças, por julgá-las saudáveis. Há ainda os que preferem evitar que os filhos sejam vacinados por razões religiosas, ou os que temem reações adversas –na Grã-Bretanha, por exemplo, houve um intenso debate no final dos anos 90 quando um médico sugeriu, em um estudo, uma ligação entre a vacina tríplice viral e casos de autismo.

Essa decisão individual –de vacinar os filhos ou não– acaba impactando o número de pessoas protegidas contra doenças transmissíveis, mas preveníveis, e criando grupos suscetíveis.

Grupos antivacina são tão antigos quanto os programas de imunização, iniciados no século 19, quando reações adversas eram mais frequentes. No Brasil, especialistas acreditam que os grupos são menos expressivos que na Europa e nos Estados Unidos, mas notam que há relatos cada vez mais frequentes de pais que optam por não vacinar seus filhos, principalmente entre os mais ricos. Essa decisão explica porque esse grupo tem as menores taxas de cobertura vacinal, juntamente com os mais pobres, mas por razões distintas.

"Pessoas de estratos econômicos mais elevados, alimentadas por informações não científicas, acabam selecionando quais vacinas querem tomar e alguns até abdicam de tomar todas. Por outro lado, você tem dificuldade nos grupos mais pobres, uma dificuldade de acesso aos serviços de saúde", afirma José Cassio de Moraes, professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que publicou em 2007 um estudo comparando as taxas de cobertura entre as duas populações.



Para impulsionar a imunização e atingir as metas da OMS, o governo tem trabalhado nas escolas, em parceria com o Ministério da Saúde, para atingir crianças e jovens e lembrar as famílias sobre a importância de evitar o retorno de doenças antigas.

"A minha filha não viu amigos com poliomielite. Mas, na minha época, a primeira fileira na sala de aula era deixada para alunos com pólio", relembra a coordenadora do PNI. "A minha geração tinha pânico de ser contaminada, já hoje as pessoas não veem a doença e ficam mais relaxadas. Mas as crianças hoje são saudáveis porque seus avós e pais foram vacinados no passado", afirma.



"O mecanismo que faz com que vacina seja importante é a prevenção –ela não é curativa, ela é preventiva. Ela é dada no paciente saudável, para que possa criar anticorpos que o permitam responder à doença se houver contato com a bactéria ou vírus. A resposta não deve ser apenas quando há doença circulando, mas de maneira preventiva", ressalta.

DESABASTECIMENTO E RECURSOS ESCASSOS

Além do fator comportamental, problemas com o abastecimento de vacinas essenciais e municípios com menos dinheiro para gerir os programas de imunização também são apontados como fatores importantes.

Desde 2015, o país registra o desabastecimento de diversas vacinas. Do início de 2016 até junho desse ano, houve acesso limitado à vacina pentavalente acelular, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b e poliomielite. Também houve dificuldades com a BCG, que protege contra a tuberculose e é a primeira vacina dada ao recém-nascido.




Em julho, o Ministério da Saúde afirmou que a oferta da pentavalente havia sido regularizada, mas classificou como "crítico" o abastecimento das vacinas tríplice viral, tríplice bacteriana acelular infantil (DTPa) e rotavírus, todas parte do calendário de vacinação nacional. Para a DTPa, a previsão é que o abastecimento seja regularizado neste segundo semestre, enquanto as demais seguem sem expectativa de normalização.

Para Luna, a falta de vacinas nos postos de saúde, mesmo por alguns dias, pode afetar a cobertura. "A mãe pode não voltar," diz. Já a escassez de recursos nos municípios, responsáveis pelos programas de vacinação, diminuiu horários disponíveis para vacinação e reduziu o número de salas em que o serviço é feito, o que impacta na cobertura.

"Sabemos que há municípios que tinham várias salas de vacina e concentraram em apenas uma. Será que isso piorou o acesso da população? Será que há profissionais o suficiente para vacinar, para evitar filas? Precisamos ver se não estamos burocratizando o processo de vacinação, o que dificulta o acesso," afirma Moraes.


Ele defende um estudo profundo do Ministério da Saúde para compreender a queda nos índices de imunização e evitar que o país retroceda nesse quesito e enfrente consequências graves. A Europa é um exemplo dessas eventuais consequências. Apesar do alto nível socioeconômico, um surto de sarampo já infectou 14 mil pessoas neste ano, e a doença é considerada endêmica em 14 países da região, incluindo Alemanha, França e Romênia. Só nesse último, foram 31 mortes desde 2016. As taxas em queda de vacinação são um dos principais fatores para o surto.

"Há um fluxo de pessoas que visitam a Europa que podem retornar e trazer o sarampo de volta ao Brasil. Se encontrar um bolsão de pessoas suscetíveis aqui, pode haver uma epidemia, essa é uma doença altamente contagiosa", alerta Moraes. "Não podemos perder nossas conquistas e essas são muito fáceis de perder. Progredir e manter o progresso é que é difícil."

domingo, 27 de agosto de 2017

SINDICATOS DEMAIS

O número de sindicatos no Brasil passou dos 17.200 este ano. Em setembro de 2015, antes do impeachment de Dilma, o total já era impressionante: 15.900 entidades.
Quando Lula foi reeleito, o Brasil virou campeão no número de sindicatos, com mais de 90% do total mundial.

Comparando: Os Estados Unidos têm cerca de 190 sindicatos e o Reino Unido, 168. Na Dinamarca, são 164 e na Argentina, apenas 91.

domingo, 20 de agosto de 2017

Reestruturacao do Acude de Lucrecia


Francisco Vagner Gutemberg de Araújo
Natural de Mossoró-RN, Vagner Araújo tem 47 anos, é bacharel em Ciências Contábeis, especialista em Gestão Pública e graduando em Direito pela Universidade Potiguar. O novo secretário também é Técnico em Agropecuária na sua formação média.
No governo estadual, já exerceu os cargos de secretário de Planejamento (2003 a 2009), Casa Civil (2009 a 2010), Trabalho e Ação Social (1994 e 2001). Na Prefeitura de Natal foi secretário de Turismo, Comércio e Indústria (2002), Gestão Estratégica, Logística e Modernização Administrativa (2011 a 2012) e na esfera federal ocupou o cargo de Delegado do Ministério de Minas e Energia no RN (1996).
Na área política, foi candidato a vice-governador do Rio Grande do Norte em 2010. Por duas vezes foi prefeito de Lucrécia-RN, com mandatos iniciados em 1996 e em 2000. Recentemente, exerceu carreira internacional atuando na formulação de programas de governo em Angola, no Panamá e na Argentina.

Conhecido pela sua visao futura de melhoria das condições de vida de seu povo de Lucrécia, prefeito 2 vezes daquele municipio, secretário de Estado por 4 vezes, agora Secretario de Gestao de Projetos, filho do meu grande amigo in memoriam Amaro Bandeira, e irmão de outro amigo Walter Araujo, esse nosso grande amigo Wagner Araujo, ele que deixou em Lucrecia a memoria de ser a primeira cidade do RN 100% saneado isso em 1999. Pois bem, foi este grande representante daquele municipio e região que nos trouxe a ideia do Projeto de reestruturaçao do Açude de Lucrecia, que em breve será executado e que eu considero como uma das maiores obras lembradas por um homem público da regiao, pois como já abasteceu tres cidades: Lucrecia, Frutuoso Gomes e Martins, o açude de Lucrecia, construido em 1932, encontra-se grandemente assoreado, o que reduziu de muito a sua capacidade anterior de 27 milhoes de m3. A obra de reestruturação inclusive desassoreamento do referido açude tera um custo de mais de 6 milhoes de reais,será executada a partir da SEMARH - Recursos Hidricos e terá como grande padrinho o nosso Secretário Wagner Araujo.

Reunião na Camara de Lucrécia da reuniao sobre a Reestruturação do Açude



No dia 12 de agosto ultimo, no município de Lucrécia a Camara reuniu pessoas de toda a regiao para discutir a reestruturação do Açude de Lucrécia. A obra será executada dentro programa Governo Cidadão e coordenada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos cujo titular, Ivan Junior, também participou do evento. Presente também o amigo Wagner Araújo, Secretário Extraordinário de Gestão de Projetos. Outras autoridades participaram das discussões: o ex-prefeito Walter Araújo, vice prefeito Douglas Araújo, Prefeita de Messias Targino, Shirley Targino, o amigo João Maia, presidente da Câmara Municipal de Lucrécia, Rômulo Liberato, vereador Josimar, vereador Edson Soares, vereadora Edilma, vereador Robertão Soares, vereadora Joilma Araújo, vereadora Lindalice Carlos, vereador Oscargibe, capitã Myria Suassuna, prefeita Janda de Frutuoso Gomes e o amigo Edvan Queiroz.



Prefeita Shirley Targino (Messias Targino), deputado Gustavo Carvalho, vice prefeito Douglas Araújo (Lucrécia), João Maia, Edvan Quiroz, Walter Araújo e secretário estadual de Recursos Hídricos, Ivan Júnior.



sábado, 19 de agosto de 2017

O que causa a 'barriga de cerveja'?



Gelada, com amigos e no bar: beber cerveja muitas vezes é um prazer.

Talvez por isso haja quem se orgulhe de uma proeminente barriga "conquistada" a base de cerveja.


Mas a bebida é realmente a responsável? O que de fato causa a famosa "barriga de cerveja"?

Segundo estudos científicos, não há nada específico na cerveja que cause gordura abdominal: as calorias que engordam vêm do álcool.

Trabalho extra




O problema de beber generosamente é que isso dá um grande trabalho extra para o fígado, que precisa se concentrar em queimar o álcool e eliminar suas toxinas, por assim dizer.

Isso significa deixam de passar pelo órgão outros alimentos que você possa estar ingerindo, como a gordura da carne, da batata frita e outros petiscos.


Além disso, um copo grande de cerveja tem cerca de 150 calorias. Se você soma o que pode vir a beber em uma saída com os amigos, vai perceber que existe aí um grande potencial de ganho de peso.

E, se a isso juntamos uma dieta rica em gorduras e carboidratos, a combinação é infalível: você terá uma barriga de cerveja.

Metabolismo lento




Mas por que este sobrepeso se concentra na área abdominal?

Depois dos 35 anos, o metabolismo do organismo fica mais lento, o que torna difícil queimar tantas calorias.

No caso das mulheres, os quilos extras tendem a se acumular nos quadris, músculos e no bumbum.

Por sua vez, os homens costumam acumular gordura ao redor da cintura.

Mas, para todos os amantes da cerveja que buscam se desfazer de sua barriga, há um segredo que não é nada secreto e, além de tudo, é simples, segundo o especialista em nutrição Steve Miller.

"A barriga será tão grande quanto o que excesso de comida ou bebida e a falta de exercícios."

Por isso, o melhor para perder a barriga é beber com moderação, evitar alimentos gordurosos e manter-se em forma fisicamente.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

PALAVRAS DE QUEM ENTENDE DE ECONOMIA

De Armínio Fraga que presidiu o Banco Central de 1999 a 2002, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e está decepcionado com Aecio Neves, com o PSDB e com o Brasil velho do PT, PMDB, e outros.

Para ele, a eventual volta de Lula ao Palácio do Planalto representa um risco para a economia do país. “Se Lula for candidato, vai voltar ao mesmo padrão de mentiras e promessas de antes. Ele declarou outro dia que nunca o Brasil precisou tanto do PT quanto hoje. Para quê? Para quebrar de novo? Para enriquecer todos esses que estão aí mamando há tanto tempo? Acho que a campanha vai ser de baixíssimo nível”, declara.

Segundo o ex-presidente do Banco Central, o Brasil se aproxima da “falência generalizada”. “Se a discussão não for boa, quem vier depois não terá legitimidade para tomar as medidas necessárias. Fica a ideia de que o Brasil tem apenas duas opções: ser feliz, ou tomar medidas amargas. Isso dificulta a solução da falência generalizada que se aproxima.”

domingo, 6 de agosto de 2017

NUMA ÉPOCA EM QUE MUITOS BRASILEIROS PENSAM EM SAIR DO BRASIL VAMOS VER PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DE OUTROS PAISES

SAINDO DO BRASIL
Andei lendo sobre vocês, e estou com projetos de ir embora do Brasil.
Eu recomendaria Canadá ou Australia ... sempre recomendo esses dois lugares

CANADA
– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Segurança é fundamental, qualidade de vida em geral é muito melhor que no Brasil. Não podemos comparar o sistema de saúde, pois tudo é público, e tínhamos um bom seguro saúde no Brasil, não posso comparar o Albert Einstein de São Paulo e o que temos aqui. Tivemos mais problemas na Inglaterra do que nos USA e aqui estamos somente no começo, vamos dar tempo ao tempo.
Além disso, aqui não existe a Lei de Gerson, que incomodava demais no Brasil.
O grande ponto negativo é o Inverno. Nada para comparar, apenas na Russia ou Finlandia!

AUSTRALIA
– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Positivos: segurança, saúde, educação, transporte público e coisas assim.
Negativos: não é Brasil, faz muito frio e não tem praia.

Positivos:
– poder caminhar pelas ruas ou correr em um parque, seja a hora que for, sem medo da violência
– poder sair pra balada ou pro pub sabendo que não vai voltar fedendo a cigarro no fim da noite (é proibido fumar em locais fechados)
– poder usar as ciclovias ou andar nas ruas de bicicleta e ser respeitado como um veículo normal
– baixo uso da buzina no trânsito
– preço dos carros é muito bom
– estar a 30 minutos das praias do norte e a 6 horas da neve
– estar a 15 minutos da Darling Harbour, Opera House e Botanic Gardens
– poder voar para Queensland por $140, ida e volta
– estar pertinho de Fiji, Bali, Tailândia e Indonésia
– pagar impostos sabendo que os serviços públicos funcionam
– pagar pedágio e andar em boas estradas
– ter várias opções de comidas perto de casa
– fish and chips 🙂
– váaaaaaarias marcas e tipos de cerveja
– poder ficar tranquilo com o laptop aberto ou o ipod na mão sentado no trem ou no ônibus
– andar em ruas e calçadas limpas
– poder contar com o transporte público
– poder usar o trem e evitar o trânsito na hora do rush
– ritmo de trabalho “relaxed”, no estilo “no worries” 🙂
Negativos:
– impossível comer em um restaurante bom após as 21h
– impossível sair pra fazer comprar ou pra passear num shopping depois do trabalho (lojas fecham as 17h)
– não ter trens para as praias do norte
– estacionamento é caríssimo
– difícil encontrar estacionamento não-pago na rua
– preço das bebidas nas baladas boas é um absurdo de caro
– preço dos imóveis é irreal (para compra)
– preguiça dos australianos no trabalho (se tu dependes de algum pra fazer o teu trabalho, boa sorte, meu amigo)
– pizza boa é raridade (pizza hut e dominos é um lixo)
– não tem nescau
– legumes e frutas são caros
– carne vermelha é cara no supermercado (a dica é comprar nos açougues asiáticos)
– não é permitido beber na praia (seria isso um ponto negativo?)

FINLANDIA

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Negativos: Acho que os finlandeses são muito cabeça fechada em alguns aspectos e o transporte publico para depois das 1.30 da manha durante a semana.
Positivos: O pais eh desenvolvido apesar de pequeno, e extremamente limpo, as pessoas respeitam a sua individualidade e os Finlandeses são extremamente honestos e leais com tudo, alem de excelentes amigos.

CHILE
– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Positivos: A vista para as cordilheiras é maravilhosa; segurança – o nível de violência é muito menor, muito difícil ouvir falar de assalto a mão armada por exemplo; a simpatia do povo chileno para com os brasileiros; os preços das coisas em geral; tem muita sorveteria, são boas e baratas; as estradas são ótimas (as pistas pelo menos); o pedestre tem prioridade e isso é respeitado; ter uma estação de eski a menos de 40 km de casa.
Negativos: O motorista chileno é mal educado (menos com pedestres) e nunca dá passagem pra outro carro, para em qualquer lugar, dirige como se existisse só ele no transito; o quesito serviço é bem ruinzinho no geral, por exemplo, em lojas e restaurantes o pessoal não atende com eficiência (podem ser simpáticos, mas não são muito treinados e podem demorar séculos pra atender); antes de fazer um pedido num restaurante ou comprar um produto numa loja é bom perguntar se tem o que você quer, sempre falta alguma coisa, nem tudo que está no menu eles tem, meu marido fica louco com isso.

ESTADOS UNIDOS
Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
– Positivos: qualquer profissao eh valorizada. Se voce se educa as portas se abrem. A justica tem um papel muito importante, eh muito firme, gosto do sistema judiciario. Aqui voce nao sai de casa para caminhar a noite morrendo de medo de ser assaltado.
– Negativo: estao exportando muito trabalho de manufatura para India e China. Isso ja esta pesando na economia.

Os positivos seriam a seguranca. Como mulher me sinto mais segura aqui. Nao temos pivetes na rua, mas temos que seguir as regras e leis do pais

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Tem uma frase do Tom Jobim que descreve perfeitamente o meu sentimento ambíguo em relação à vida aqui: “Viver nos Estados Unidos é bom, mas é uma merda; viver no Brasil é uma merda, mas é bom.” Aqui tudo funciona, tem bons empregos, pagam bem, o pessoal valoriza seu trabalho, as ruas são limpas, não existe violência, o custo de vida é mais baixo, os produtos são mais baratos… mas falta o calor humano do brasileiro, as paisagens lindas do nosso país. E isso, já dizia Mastercard: Não tem preço. E no Brasil tem o grande problema da violência, da pobreza. Ninguém valoriza seu trabalho, ninguém quer pagar o que você merece. Você vive com medo de ser assaltado, não pode sair pra andar de bicicleta ou iPod. Não pode usar relógio em ônibus. Não há liberdade nesse sentido. É por isso que estou aqui. Não queria passar os anos mais produtivos da minha vida, num país onde eu tinha poucas oportunidades de crescer. Aqui já tive tanta oportunidade que nem acredito. Estudei numa universidade que me deixava de queixo caído diariamente, e tudo de graça. Fui apresentar meu trabalho em congressos na Dinamarca, Itália, China… E quando fui apresentar o mesmo trabalho no Brasil, o pessoal nem sequer entendia o valor da minha pesquisa. A mentalidade do brasileiro ainda não está focada na inovação e no crescimento. É uma pena pois tem tanta gente criativa e capaz nesse país. Mas eu continuo acreditando no Brasil e principalmente nos brasileiros.

INGLATERRA

Pontos positivos: a facilidade para viajar pra outros países da Europa, o acesso gratuito a museus e galerias de arte, a diversidade cultural, e a oportunidade de conviver com pessoas do mundo todo. Sem falar na segurança, estabilidade financeira, educação e organização.
Pontos negativos: com certeza o clima, até o britânicos reclamam! Não é tanto pelo frio, já que comparado com outros paises o frio é bem ameno. Mas a chuva constante, o céu quase sempre nublado e os dias muito curtos atrapalham muito a vida das pessoas. Até existe um fenômeno aqui que eu nunca tinha ouvido falar antes -SAD (Seasonal Affective Disorder)- que é justamente um tipo de depressão que afeta as pessoas no inverno justamente pela falta de luz. Isso é realidade no Reino Unido e todos os anos se fala muito disso nessa época do inverno. Além disso, o alto custo de vida tambem é um ponto extremamente negativo aqui.

NOVA ZELANDIA

Positivos:
– Segurança: poder sair na rua com a camera na mão e ouvindo iPod, morar em casa sem grades em vez de apartamento, andar à noite com tranquilidade, ver os parques e praças cheios de crianças brincando sem os pais terem que se preocupar.
– Facilidade: desde oportunidades para conseguir um trabalho (pra quem tem visto, claro) até a falta de burocracia com as coisas, tudo aqui é muito fácil de fazer quando comparado ao Brasil.
– Honestidade: a NZ está entre os países menos corruptos do mundo e dá pra sentir isso no dia-a-dia, todo mundo confia em todo mundo, às vezes chega ao ponto da ingenuidade até, mas achamos isso ótimo.
– Belezas naturais: o país é lindo, a cidade é linda, e mesmo quando bate uma tristeza é só olhar pra fora e ver a paisagem pra se encantar de novo.
– Esportes: pra quem gosta de surf, snowboard, kitesurf, skydiving, ou qualquer coisa parecida como a gente gosta, aqui é o lugar.
Negativos:
– Distância: aqui é muito longe do resto do mundo, do Brasil então nem se fala. Além da diferença de horário que já falamos, o tempo que leva pra chegar no Brasil é geralmente umas 21 horas, não vale a pena ir pra ficar pouco tempo. Além das passagens serem super caras, então não dá pra ir visitar com muita frequência.
– Frio e vento: sim, aqui é uma ilha paradisíaca do Pacífico, mas nada tropical.. o clima é temperado, o que pra quem vem do Brasil é mais frio na maior parte do ano. Sendo uma ilha, o vento é constante e Wellington especialmente é famosa por seus ventos de 120km/h. A água do mar é muito gelada!
– Muitas vezes a Nova Zelândia pode ficar chata. Por ser um país pequeno e isolado, não tem muita coisa pra fazer por aqui além daquelas relacionadas à natureza.

JAPAO

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Positivos: Educação, organização, união…
Negativos: Saúde, inflexibilidade, competição…

Positivos: estabilidade financeira, seguranca, organizacao.
Negativos: falta de calor humano

Pontos positivos: Seguranca, Saude, Transporte, Educacao, Comida.
Pontos negativos: Custo de aluguel ou prestacao de compra de imovel.

domingo, 16 de julho de 2017

COMO A COLÔMBIA CONSEGUIU REDUZIR A VIOLÊNCIA





A vacina antiviolência

Os casos de Bogotá e Medellín mostram que ela já foi inventada e não depende de pôr fim à miséria
OS ataques do PCC combinados às eleições tiraram o foco de um dos fatos sociais mais interessantes do país: a veloz e consistente redução do número de homicídios em São Paulo. Nos últimos cinco anos, a queda foi de 51%, devido, em boa parte, à evolução da segurança da região metropolitana e, especialmente, da capital, onde houve avanços nas áreas mais violentas.
Embora fundamental, o aprimoramento do policiamento não explica o fenômeno. Olhando mais de perto os bairros em que mais caiu a violência, vemos uma teia de ações que envolvem a mobilização comunitária, a atuação de entidades não-governamentais, o apoio de empresas, o trabalho com grupos de risco -os jovens-, as campanhas de desarmamento, a reforma de espaços públicos e a oferta de programas de complementação de renda.
Se o PSDB e seu candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, têm motivos para apresentar os números da segurança como uma vitória, o PT também pode lembrar que programas seus na periferia de São Paulo, como a ampliação da renda mínima e a criação de áreas de convivência, exerceram impacto nos índices de homicídio. Uma das melhores experiências de segurança, no país, é Diadema, comandada por um petista.
Saber quem deve faturar ou não com um avanço social é compreensível num ano eleitoral. Mas, convenhamos, é uma visão medíocre. Digo isso pois acabo de voltar da Colômbia, onde fui conhecer experiências em Bogotá e Medellín, apontadas como as cidades mais violentas do mundo, hoje convertidas em laboratórios de paz. Apenas em Medellín, por exemplo, a taxa de assassinatos caiu em 90%; boa parte dessa queda ocorreu nos últimos três anos.
 
As duas cidades mostram que a vacina para reduzir níveis de violência, mesmo em lugares pobres, foi inventada e não depende de acabar a miséria. Isso significa que, apesar dos avanços em São Paulo, eles poderiam ser ainda mais profundos e rápidos. Significa ainda que o Brasil não precisa reinventar a roda para reduzir sua insegurança nas ruas.
Para nós, brasileiros, Bogotá e Medellín, com sua pobreza de Terceiro Mundo, são casos ainda mais interessantes que Nova York, onde a renda e o emprego são os de uma nação rica. Mais do que isso, a violência na Colômbia é extraordinariamente complexa, por misturar diversos grupos de guerrilheiros, narcotraficantes, paramilitares, gangues juvenis e assaltantes comuns.
A primeira lição que tiramos dali é: os três níveis de governo -nacional, estadual e municipal- trabalham articuladamente. O prefeito, o chefe da polícia, exerce forte papel na execução de planos de segurança. Essa é a prerrogativa dos prefeitos das regiões metropolitanas. Mas a polícia continua sendo nacional.
A cidade cobra o desempenho do prefeito em questões como roubo e furtos assim como sobre a limpeza das ruas e a qualidade de ensino.
 
Eles mexeram na polícia e no sistema prisional. Deram, por exemplo, cursos para carcereiros em universidades. Investiram em policiamento comunitário, mais próximo da população. Junto com a repressão, implementaram-se ações sociais que, mais uma vez, envolvem múltiplas frentes, como reformar espaços públicos, melhorar as escolas, criar centros de convivência comunitária, introduzir mecanismos de resolução de conflitos, focar em programas de inserção dos jovens.
Em Bogotá, melhorou-se o transporte público nos bairros mais pobres, abriram ciclovias, reservaram, em fins de semanas, as principais vias para pedestres, implantou-se uma gigantesca rede de bibliotecas. Parques foram feitos em áreas deterioradas. Usou-se das artes para gerar um senso de pertencimento entre jovens e como mecanismo para retomar as ruas. Os centros de recuperação de jovens infratores são tidos como exemplo mundial de eficiência, geridos, em contrato de gestão, por uma entidade privada.
Novamente acharemos, nessa rede, a articulação de vários níveis de poder, indo do bairro à Presidência.


Os habitantes de Bogotá e Medellín, apesar das conquistas, não estão satisfeitos, convencidos de que podem ir além, afinal a violência segue alta para padrões civilizados. E, aqui, outra lição: tornar a cidade habitável e segura não era e não é discurso de político em campanha, mas prioridade de todos, avaliada todo mês. A pressão não pára e faz do prefeito um educador da paz. O problema é menos de dinheiro que de competência administrativa e articulação local. Sem exagero, nenhum presidente, governador ou prefeito brasileiro pode se dar o direito de não conhecer como os colombianos desenvolvem essa vacina contra a violência. É uma questão de salvar vidas.
 

Prefeito "louco" mobilizou a sociedade

Filósofo, matemático e pedagogo, Antanas Mockus assumiu, em 95, a prefeitura de Bogotá e, em meses, determinou que bares fechassem mais cedo para reduzir riscos provocados pelo álcool. Apanhou não dos amantes das noitadas, mas porque a medida parecia sem importância numa cidade convulsionada pela guerra de quadrilhas, com 4.300 assassinatos por ano.
No auge da polêmica, ele levou um grupo de jovens ao cemitério; era exatamente o número dos que teriam morrido, segundo os cálculos da prefeitura, sem a "lei seca". Tirou uma foto deles na frente das covas e lembrou que, naquele momento, estariam não em cima, mas debaixo da terra. Virou a opinião pública a seu favor. "O crime é o resultado do fracasso da pedagogia." Por causa dessa idéia, tratou de adotar ações para mudar a cultura do morador e, assim, gerar um ambiente mais pacífico.
Não foram poucos os que o chamaram de "louco" e "palhaço" quando ele contratou mímicos. "O trânsito, com seus inúmeros acidentes, era o melhor reflexo de nossa selvageria." Os motoristas não tinham o hábito, por exemplo, de respeitar a faixa de pedestres. E, , entravam os mímicos, fazendo brincadeiras com os transgressores, obviamente constrangidos. As multas viriam mais tarde. A prefeitura distribuía centenas de milhares de cartões que mostrassem aprovação e desaprovação. "Rapidamente, as pessoas, em vez de xingar ou de sequer reclamar, mostravam os cartões. Crianças aprenderam a vaiar quem avançasse na faixa."
Para que todos visualizassem os traumas de trânsito, Mockus mandava pintar cruzes no asfalto exatamente no local em que ocorriam os acidentes. Criou o hábito de divulgar todos os meses, sem exceção, a estatística de homicídios na cidade, acompanhada pela opinião pública como se fosse resultado do campeonato de futebol.
Tal atitude educativa, segundo ele, deveria ser levada para atividades da cidade. Os centros de recuperação de jovens infratores são tidos como modelo mundial -extremamente focados na aprendizagem e administrados por uma entidade privada.

A força da biblioteca
Além das medidas repressivas, preventivas e educacionais, implementaram-se reformas urbanas nos bairros mais pobres, alguns deles nas montanhas, totalmente isolados. Construíram-se escadas, promoveu-se a coleta do lixo, escolas foram ampliadas, abriram centros de saúde e ofereceu-se um sistema de transporte -em alguns casos, de teleférico.
Para acompanhar, em detalhes, a evolução de cada indicador, nasceu um entidade civil chamada "Como Vamos Medellín", cujos resultados são amplamente divulgados pela mídia. É uma espécie de termômetro para medir qualidade de vida, em que se contabilizam desde seqüestros, roubos, furtos até evasão escolar, gravidez precoce, renda dos trabalhadores e desemprego.
Neste momento, estão construindo numa das regiões mais pobres uma imensa biblioteca, em meio ao verde para servir de ponto de encontro tanto quanto de leitura. A idéia é que, em cada bairro, o principal centro seja uma biblioteca. "Achamos que quem gosta de ler não gosta de matar", aposta Salazar.

Impacto do urbanismo
Os projetos urbanísticos recuperaram a região central de Bogotá, tão deteriorada como as das grandes cidades brasileiras -e isso atraiu mais pessoas para as ruas. Praças foram criadas ou reformadas. Aos domingos, as principais vias são fechadas ao trânsito, agora exclusivas para pedestres e ciclistas.
Assim com em Medellín o epicentro da violência estava na Comuna 13, em Bogotá a concentração se repetia num bairro com o sugestivo nome de Cartucho -a versão ainda mais piorada da Cracolândia, em São Paulo. Avaliou-se que ali não havia mais jeito. O poder municipal transformou toda aquela área em um imenso parque e tratou de encaminhar seus moradores para outros locais.
Para preencher essas regiões recuperadas, a prefeitura decidiu promover constantes shows de música, entre várias outras ações culturais como festivais de teatro e de dança. Os efeitos dessas iniciativas eram vistos no surgimento de uma nova vida noturna, antes limitada porque as famílias tinham medo de sair de casa.
Evidentemente essas medidas seriam frágeis se não tivessem aumentado o número de policiais e aprimorado seu treinamento -passaram a receber cursos na universidade-, não fossem implantados núcleos de policiamento comunitário e não se sofisticassem os controles na prisão para reduzir a força do crime organizado. Houve um treinamento específico para os carcereiros. Foi fundamental o esforço dos governantes em tentar desarmar a guerrilha e os paramilitares.
Mas a engenharia social de Bogotá é ainda mais complexa, e, como em Medellín, motivada por um trauma coletivo. É a sensação de um colapso provocado pela generalização da violência estimulada pela junção de narcotraficantes, paramilitares, guerrilheiros e quadrilhas. Tudo isso se potencializava nos bairros pobres, com seus jovens desempregados, baixa escolaridade, desestrutura familiar, violência doméstica, falta de opções de lazer, gravidez precoce. "Sentíamos que não tínhamos tempo a perder. Tudo parecia urgente", conta a jornalista colombiana especializada em violência Bibiana Mercado, agora na ONU. Estavam em Bogotá muitos dos alvos dos cartéis de Cali e, especialmente, de Medellín. Políticos, promotores, juízes, jornalistas eram mortos rotineiramente.

Pactos com a guerrilha
Diante do emaranhado de fontes de violência, apenas uma ofensiva simultânea em vários flancos teria alguma chance de funcionar, a começar de um pacto político com as forças clandestinas.
O chefe de Luiz Blandon, o ex-combatente das Farc, hoje com seus livros distribuídos em pontos de ônibus, é o advogado Darío Villamizar, ex-guerrilheiro do M-19. No passado, o M-19 destruiu o prédio da Suprema Corte e matou 70 pessoas, entre elas 11 juizes. "Aprendemos que a paz era o melhor caminho", conta Villamizar, responsável pela inserção na sociedade de ex-guerrilheiros e paramilitares que abandonaram as armas. "O que fazemos é transformá-los em empreendedores para que toquem sua vida."
Depois de abandonar as armas, líderes do M-19 montaram o "Observatório da Paz". Um de seus programas, dirigido por Vera Grabe, é disseminar a cultura do entendimento e do diálogo nos bairros mais violentos. "Sabemos o impacto positivo que se alcança quando aproximamos as crianças e os jovens da cultura. A música, a dança, o teatro, as artes plásticas, a comunicação prestam-se como fonte de realização e vacina contra a marginalidade", diz.
Para ajudar a disseminar esse tipo de ação, o Unicef sedia um projeto chamado "Aliança para a Paz". Coletam-se as mais diversas experiências, que são sistematizadas, formando um banco de êxitos a ser compartilhado nos diferentes níveis de governo. A Secretaria de Educação de Bogotá, por exemplo, mantém um laboratório de pedagogia comunitária, cuja missão é transferir todo esse conhecimento para a rede de ensino -ela integra a lista de entidades associadas da "Aliança para a Paz".

Pela educação
Melhorar a educação formal foi um dos ingredientes do plano amplo contra a violência. O poder público se empenhou em aumentar a matrícula, reduzir a evasão e, através do treinamento para os professores, oferecer melhor qualidade de ensino. Bogotá é o epicentro, na América Latina, da idéia de Cidade Educadora, segundo a qual todos os serviços públicos e privados da cidade devem estar conectados às escolas.
Os empresários de Bogotá acreditaram que poderiam fazer a diferença na questão educacional, interessados diretos na questão da segurança, afinal viviam ameaçados, e na produção de mão-de-obra qualificada. "Nossa contribuição foi focada na gestão, que é o que mais entendemos", afirma Guilhermo Carvajalino, principal executivo do movimento "Empresários pela educação".
Os últimos cinco prefeitos eleitos de Bogotá - antes eram indicados- tiveram a assessoria ininterrupta dos técnicos indicados pelo grupo de empresários. Isso explica, em parte, por que o nível educacional da cidade, medido em testes, é o mais elevado do país.