O confronto esquentou na sexta-feira (17), com a entrevista do delegado Eduardo Mauat da Silva, que integra a força tarefa paranaense. Ele acusou o procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de “tolher” a investigação, sugerindo que o conflito interessa ao governo, ao PT e aos demais partidos e políticos alvos dos inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
A disputa entre delegados federais e procuradores é antiga e estava restrita aos bastidores até a última quarta-feira (15), quando o ministro Teori Zavascki, do STF, relator da Lava Jato, baixou um polêmico despacho suspendendo, a pedido de Janot, interrogatórios de políticos que haviam sido agendados pela Polícia Federal. O último deles deveria ter ocorrido na quinta-feira (16).
A decisão de Zavascki se choca com o regimento (artigo 230C) interno da própria Corte, que atribui à polícia diligências e inquirições relacionadas a inquéritos sob a responsabilidade do STF. Os policiais que participam das investigações contra políticos com foro privilegiado – entre eles os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) – atuavam com base nesse dispositivo e, de repente, foram surpreendidos com o pedido de Janot, que não só suspendia audiências como também teria orientado os suspeitos a não atender as intimações.
“Foi uma decisão estranha. Nunca tinha visto isso em nenhum outro inquérito”, disse o delegado Edson Garutti, diretor paulista da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). O procurador Alexandre Camanho, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), afirmou que o inquérito é judicial e, portanto, quem ordena as investigações é o procurador Rodrigo Janot. “Não há outro inquérito”, garantiu ele, para quem, por decisão do STF, a PF é coadjuvante.
IG
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