Renan Calheiros pode livrar Dilma de condenação
Ontem, conforme revelou a coluna Poder Online, a presidente Dilma Rousseff chamou ao Palácio do Planalto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Naquela madrugada, Dilma havia sido derrotada na Câmara, por 445 votos a 16, na votação de uma Proposta de Emenda Constitucional que poderia aumentar o rombo no ajuste fiscal em até R$ 10 bilhões.
De uma forma ou e outra, a tal PEC 443 não deverá entrar em vigor. Mas a votação mostrou a força do atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se declarou formalmente na oposição, e a enorme dificuldade do governo em controlar sua base parlamentar.
Cunha também fez passar de roldão pelo plenário a aprovação de todas as contas de presidentes da República que estavam pendentes há 20 anos na Casa. Abriu a pauta para receber as contas de 2014 presidente Dilma Rousseff, que estão em análise do Tribunal de Contas da União (TCU). Tratam-se das contas das chamadas “pedaladas fiscais”, que teriam sido cometidas pela equipe econômica do primeiro governo Dilma.
Se o TCU decidir pela reprovação das contas, é enorme a chance de que Eduardo Cunha comande no plenário a condenação da presidente e, consequentemente, o processo formal de impeachment.
Dilma correu, então, para Renan Calheiros. Parece ter descoberto o poder que o presidente do Senado tem em suas mãos.
Um poder que o PSDB também já descobriu. Tanto que os senadores tucanos levaram Renan para um jantar no dia anterior, na casa de Tasso Jereissati (PSDB-CE), no qual cercaram-no de mimos e promessas de amor caso Dilma Rousseff deixe o governo.
É simples assim: dos nove ministros do TCU que votarão as contas de Dilma, Renan tem influência direta sobre três.
São eles:
Bruno Dantas
Foi o mais novo ministro a assumir o cargo, aos 36 anos de idade, em 2014, escolhido em substituição à indicação não aceita do ex-senador Gim Argello (PTB-DF), acusado de irregularidades na época em que presidiu a Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Consultor jurídico concursado do Senado, ele foi indicado por Renan Calheiros e pelo ex-senador José Sarney (PMDB-AP)
Raimundo Carrero
Foi secretário geral do Senado e é também bastante próximo do ex-presidente José Sarney e de Renan.
Em 2013, quando o tribunal analisou o pagamento de supersalários a 464 funcionários do Senado, Carreiro não se considerou impedido de votar e defendeu que diretores da casa não fossem punidos. O TCU acabou determinando a devolução de parte desses valores.
Vital do Rego
Foi senador pelo PMDB da Paraíba e assumiu o TCU em 2014 graças também ao apoio explícito de Renan Calheiros.
Anda estressado com o governo por não ter tido apoio contra denúncias envolvendo desvio de recursos na prefeitura de Campina Grande (PB), que teriam irrigado sua campanha ao Senado.
Dos demais ministros, o governo calcula obter, por conta própria, pelo menos o apoio de Benjamin Zimler e Walton Alencar. Precisaria de muito esforço do ex-presidente Lula para virar dois votos, hoje contrários: José Múcio Monteiro, e Ana Arraes. Já Augusto Nardes e Aroldo Cedraz são considerados votos perdidos.
Ou seja, se Renan trouxer seus três votos e o governo obtiver os dois votos com que conta, a vitória estaria garantida.
Por isso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, é hoje o político mais importante para a manutenção de Dilma Rousseff no cargo, independentemente de sua força dentro do PMDB, dentro do Senado, ou mesmo no cenário político como um todo.
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